domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ovelha em busca do matadouro

Mais um dia de saturno chegava ao fim. Abriu os olhos e levantou da cama quente. Os pelos de sua pele lisa arrepiaram instantaneamente com a atmosfera gelada. Fez com que sua última peça de roupa caísse lentamente no frio do chão. Seu corpo era uma chama em meio ao gelo do ártico. Completamente nua, estava livre. Completamente livre, não estava nua. Saiu de seu caixão silenciosamente, deixando para trás todo calor e penetrando na escuridão do número oito. O relógio já indicava cinco horas para o amanhecer. Buscava mais do que sangue. Era uma ovelha em busca do matadouro. Quanto mais percorria pelas ruas sinuosas da noite sombria mais manchava sua lã de sangue. O vermelho em sua boca tinha um gosto suave de liberdade misturado com o sabor de sua própria carne.
Quando o dia clareasse estaria de volta, saciada, afogando no calor. Afinal, ela era apenas uma adolescente.

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